A Retórica Epidítica na Elaboração do Caráter de Satã em Paradise Lost, de John Milton

Nome: FERNANDA TEIXEIRA BRAGANÇA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 05/06/2023
Orientador:

Nome Papelordem decrescente
LENI RIBEIRO LEITE Orientador

Banca:

Nome Papelordem decrescente
ELAINE CRISTINE SARTORELLI Examinador Externo
LAVÍNIA SILVARES FIORUSSI Examinador Externo
LENI RIBEIRO LEITE Orientador
MARCUS DE MARTINI Suplente Externo
RAIMUNDO NONATO BARBOSA DE CARVALHO Suplente Interno

Resumo: Paradise Lost (1667), poema épico de tema escritural, escrito pelo poeta e ativista político
inglês, John Milton, fornece uma ampla arena para a realização de provocações e debates acerca
de temas teológicos, filosóficos e políticos que movimentaram o regime discursivo e a produção
letrada do séc. XVII da Primeira Modernidade. Neste trabalho, nos debruçamos sobre certos
atributos associados à representação da virtude e do vício por meio do heroísmo de Satã.
Consideramos quais características tradicionalmente associadas à construção da imagem de
heroísmo clássico são empregadas na formação da imagem de Satã, conforme as descritas por
Nagy (2017), Curtius (1979) e Toohey (2004). Em face delas, avaliamos como a imagem de
heroísmo de Satã é desestabilizada ao observarmos a temática escritural de Paradise Lost e as
qualidades do herói cristão, conforme descritas por Lewalski (1966). Atemo-nos aos livros I e
II, que são basais em estabelecer a dinâmica de formação do caráter de Satã. Selecionamos
algumas passagens que oferecem exemplos da caracterização de Satã estabelecida pelo
narrador, e destacamos os versos 1.84-124 e 2.430-466 como instâncias discursivas nas quais
Satã constrói um éthos de justa liderança e heroísmo. Observamos que a formação de sua
imagem é composta por elementos empregados na construção do éthos, através dos discursos
do próprio Satã, mas também de intervenções do narrador, que desestabilizam a impressão de
heroísmo e liderança promovida pela personagem. Nessa dinâmica, apontamos o acesso
desigual que ambos possuem sobre quatro etapas de elaboração do discurso: Satã se vale mais
de mecanismos de formação do éthos inscritos na inventio, na dispositio e na elocutio, ao passo
que o narrador tem acesso apenas à descrição da actio. No que tange aos mecanismos retóricos
empregados nessas etapas, nos guiamos pelas recomendações encontradas em manuais sobre o
gênero epidítico, como Peri epideiktikon, de Menandro, e Peri ideon, de Hermógenes, e
também o tratado The Arcadian Rhetorike, de Abraham Fraunce, que instrui sobre como
adequar a voz e a ação ao discurso. Constatamos que a presença de qualidades heroicas na
formação da imagem de Satã permite problematizar atributos tradicionalmente tidos como
virtuosos, mas também permite diferentes abordagens de leitura do poema e do próprio papel
da personagem na narrativa, que enriquecem a experiência de engajar com o texto miltoniano.
Palavras-chave: Satã. John Milton. Paradise Lost. Éthos. Retórica Epidítica.

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